Conheça 10 práticas da agricultura regenerativa e seus impactos na moda
A indústria da moda convencional é das que mais contribuem para a poluição global, porque utiliza matéria prima produzida com métodos agrícolas ultrapassados. Na agricultura regenerativa, o processo de produção é natural e não agride o meio ambiente. Leia mais.
A agricultura regenerativa não é um processo recente, sequer revolucionário, mas uma remodelação dos métodos antigos de cultivo.
Os agricultores mais antenados entenderam que o solo precisa de uma ajuda da fotossíntese para que as colheitas sejam mais produtivas, ou seja, a própria natureza regenera o solo para colheitas mais saudáveis.
Grandes empresas já percebem as vantagens da agricultura regenerativa
General Mills, Pepsico, Walmart, Danone, Unilever, entre outras, começaram a adotar práticas regenerativas em suas produções, pois perceberam que esta é uma demanda promissora do mercado a médio e longo prazo.
As empresas da moda, dentre elas, a Greenco (Empresa B com outras certificações como o Selo Eureciclo e o Selo BCI) garantem produções sustentáveis, utilizando tecidos feitos com algodão orgânico e outras matérias prima naturais. O propósito é neutralizar o carbono através de programas de compensação conhecidos como créditos de carbono.
Organismos científicos e revistas especializadas atestaram a eficiência e eficácia da agricultura regenerativa:
- Um artigo de 1989, publicado na Revista Science & Public Policy, foi um dos primeiros a definir a agricultura regenerativa como sendo "baseada no princípio de trabalhar com a natureza".
- O Projeto Drawdown afirma que "a agricultura regenerativa melhora e sustenta a saúde do solo ao restaurar seu conteúdo de carbono, o que por sua vez melhora a produtividade - exatamente o oposto da agricultura convencional".
- Soul Fire Farm comentou sobre como a agricultura regenerativa pode ser realizada, utilizando "práticas agrícolas de captura de carbono, tais como plantio direto, culturas de cobertura, cobertura vegetal, compostagem, leitos elevados, agroflorestação, silvopastagem e restauração de espécies nativas".
- A agricultura regenerativa nada mais é do que a aplicação de "um conjunto de práticas agrícolas que aumentam a biodiversidade, enriquecem os solos, melhoram a saúde das bacias hidrográficas, capturam mais carbono do que liberam e melhoram os serviços do ecossistema", segundo a Steward Agriculture.
O termo “agricultura regenerativa” foi cunhado na década de 80 pelo fundador do Rodale Institute, Robert Rodale.
O foco do fundador é recuperar os saberes ancestrais sobre o manejo da terra, aplicando novos conhecimentos científicos para potencializar o impacto positivo na agricultura. Os novos métodos englobam diferentes práticas agrícolas como, Agrofloresta, Agroecologia, Agricultura Sintrópica e Agricultura Orgânica.
10 práticas da agricultura regenerativa diferentes do convencional:
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Fortalecer o solo, enriquecendo sua matéria orgânica composta por bactérias e fungos que produzirão antibióticos naturais, auxiliando as plantas na resistência contra doenças e na absorção de água e nutrientes.
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Provocar o aumento do nitrogênio, fósforo, cálcio e enxofre do solo (nutrientes que solos saudáveis devem conter) que turbinarão o crescimento das plantas).
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Restaurar a biodiversidade degradada.
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Melhorar da biomassa vegetal e de insetos benéficos, como a abelha.
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Valorizar os ciclos da água, reduzindo a necessidade de irrigação artificial, pois aumenta a infiltração de água no solo de forma natural, criando um microclima local adequado para o plantio.
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Utilizar técnicas como cobertura, diversificação biológica (na prática, rotações de plantios, o contrário da monocultura).
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Reduzir ao máximo o uso de fertilizantes químicos.
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Fortalecer as raízes através da captura do carbono, além de aumentar sua resiliência climática e o controle de erosão.
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Garantir a segurança alimentar dos agricultores e famílias com o trabalho em cooperação para um futuro favorável no ambiente rural.
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Proteger as florestas do mundo, evitando queimadas naturais e, sobretudo, criminosas ao fomentar a adoção de processos naturais pela indústria têxtil e de papel e, assim, reduzir o uso de fibra florestal para outras alternativas, como fibras feitas com resíduos agrícolas.
O benefício mais importante da agricultura regenerativa é sua capacidade de construir solos saudáveis que capturam carbono.
Um estudo mostrou que após 4,5 anos de uso de práticas agrícolas regenerativas, o solo foi capaz de capturar e armazenar 20-50 vezes mais carbono em comparação com os solos padrão de plantio direto, isto é, os solos cultivados tradicionalmente. Além de produzir fibras que duram muito mais, por causa da resistência, esse tipo de agricultura é de baixo custo de produção e ganhos elevados, quando comparado com a agricultura convencional. Outro exemplo clássico da regeneração do solo é a rochagem.
Qual seria o ponto negativo que ainda persiste na agricultura regenerativa?
Normas da Fair Trade precisam ser mais divulgadas em regiões onde o acesso à informação é mais difícil e em países totalitários, onde persistem práticas de serviço escravo e seus desdobramentos nocivos para a sociedade e para as comunidades mais carentes.
A agricultura regenerativa está diretamente conectada à economia circular na produção de tecidos sustentáveis.
Se a natureza se auto-cura através de seus próprios meios, é certo que o impacto positivo será mais rápido se houver colaboração humana.
Concluindo
A forte dependência da indústria da moda convencional por recursos naturais como água, terra, animais, solo e cultivos, faz dela uma das maiores culpadas pela perda da biodiversidade.
Em outras palavras, a produção de matéria-prima, sua preparação e processamento apressam o fim de sua vida útil, tendo em vista o uso excessivo de água (além da sua contaminação provocada pelo tingimento e tratamento têxtil) , do desmatamento de fibras à base de madeira, dos maus tratos ao solo, do sacrifício de animais e à poluição atmosférica.
Por sua vez, na agricultura regenerativa a moda é produzida com fibras naturais, como algodão orgânico, cânhamo, linho, dentre outros, que reduzem drasticamente os impactos negativos, mantendo a sustentabilidade do planeta em níveis que permitem imaginar um futuro altamente promissor.