Conheça o Green Shipping e os novos conceitos sustentáveis da indústria naval

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

A navegação marítima é a modalidade ideal para o transporte de cargas em longas distâncias. No entanto, uma grande preocupação é a poluição que gera, além de outros riscos. O Green Shipping tornou-se de fundamental importância que pode interromper esse ciclo vicioso. Leia mais. 

Green Shipping é a iniciativa que permitirá uma navegação mais moderna, reduzindo custos e impactos ambientais.

A indústria naval é responsável por 2,6% do total mundial de emissões de CO2, além da produção de 5,25 milhões de partículas de plástico que poluem os oceanos do mundo.

No Brasil, o Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho abordou essa questão do lixo plástico despejado nos oceanos por causa da navegação e, por isso, foi desenvolvido pela ONU, o programa, "Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", estabalecendo metas para a redução drástica da poluição.  

A emissão de CO2 e outros gases nocivos é alta por causa do crescente volume de tráfego de carga na logística global que aumentou em 101% nos últimos 20 anos. 

International Maritime Organization estabeleceu limites máximos nas emissões de gases de escape e de enxofre.

Assim, para o bem do ecossistema marinho e do meio ambiente, o Green Shipping começa a ser operado na prática.

Nos Estados Unidos, foi criada uma certificação ambiental chamada “Green Marine”.  Trata-se de uma iniciativa voluntária que ajuda seus postulantes a melhorar seu desempenho ambiental da indústria naval, ou seja, o controle da emissão de poluentes no ar, na terra e, sobretudo, na água, por causa da água de lastro

O que é água de lastro? 

A água de lastro é o nome dado à água do mar que é recolhida, armazenada pelos navios para garantir sua estabilidade.

Essa coleta da água do mar é necessária para que a embarcação mantenha seu prumo na hora de descarregar, caso contrário, corre o risco de afundar ou de se partir

Em outras palavras, os navios utilizam a água de lastro para aumentar seu peso a fim de garantir estabilidade, segurança operacional e eficiência. Contudo, essa atividade resulta num grande problema que pode afetar a saúde das pessoas e a sobrevivência de muitas espécies marinhas.

O lado preocupante da água de lastro

Ao encher os tanques do navio para depois esvaziá-los em outro local pode causar sérios impactos ambientais e à saúde humana, devido à inserção de microrganismos não nativos, como surtos de cólera, propagação do mexilhão dourado, além de causar problemas de entupimento em navios, oleodutos e em usinas hidrelétricas. Novas tecnologias podem evitar esse lado negativo da água de lastro.

Tecnologia para dirimir os perigos da água de lastro e evitar outros obstáculos

Uma importante estratégia para reduzir os impactos causados pela água de lastro

A substituição dos tanques de lastro por “tubos” longitudinais estruturais permite sua sucção pela proa e descarga pela popa. Desse modo, é gerado um fluxo constante da água salgada, evitando o acúmulo de detritos ou de microrganismos de origem desconhecida.

O equipamento vai possibilitar a pressão necessária para gerar a estabilidade ideal de acordo com o peso da carga embarcada. Essa é uma das principais aplicações da tecnologia verde para acabar com o problema da água de lastro nos moldes atuais. Qualquer embarcação, nova ou antiga, poderá receber esse dispositivo.

A norma estabelecida para controlar a água de lastro exige a troca e a liberação de pelo menos 95% de água de lastro longe da costa a fim de evitar o despejo de patógenos.   

Os corredores verdes 

Outra atividade que a tecnologia possibilitou foi a implantação de rotas a fim de facilitar a descarbonização da navegação marítima.

O corredores verdes ("green corridors") são rotas comerciais específicas entre os principais centros portuários que participam do programa Áreas de Zero EmissãoOs combustíveis limpos, como o hidrogênio verde, dentre outros, serão utilizados nas embarcações em escala crescente até 2050.

Essas rotas pré-fixadas são importantes porque garantem o fortalecimento das parcerias entre os proprietários de cargueiros, produtores de combustível e operadores de navios. 

Outros objetivos interativos dos corredores verdes:  

  • Criação de regiões específicas nos oceanos, agregando a implementação conjunta de novas tecnologias, combustíveis limpos e modelos de negócios inovadores.

  • Expansão de programas ecológicos, como o programa Áreas de Zero Emissão, além do mapeamento das zonas marítimas de impactos ambientais, visando ampliar e desviar as rotas dos navios que fazem parte do Green Shipping.

  • Implementação de projetos de incentivo econômico, visando fomentar e regulamentar o comércio das cidades litorâneas, incentivando parcerias do setor público e privado com a indústria naval.

  • Fabricação de navios com zero emissões porque utilizam energia limpa, como o hidrogênio verde, energia solar, energia eólica ou energia nuclear como fontes de propulsão.

"Além desses benefícios, o Green Shipping implementará outros projetos como gestão portuária e gerenciamento de ciclos de vida de equipamentos, tendo em vista a economia circular. O sucesso dos projetos dependerá, igualmente, da eficácia da legislação apoiada pelas autoridades portuárias e comunidades litorâneas que dependem dessa economia.”, observa Johanna Aromaa, Gerente de Inteligência de Mercado da Wärtsilä Marine Business.

Conclusão

Por causa da iniciativa do Green Shipping, a navegação mundial tem perspectivas favoráveis no que diz respeito ao controle da poluição do ar, terra e da água. O cenário, antes preocupante, é otimista. O caminho está traçado. A tendência é uma indústria naval mais sustentável e com menos impactos ambientais. Tudo isso a um custo acessível. Novos ventos sopram em favor do meio ambiente!