Bioeletricidade: atalho para retardar o envelhecimento e outros benefícios

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Bioeletricidade é uma corrente elétrica natural gerada por células e tecidos dos organismos vivos. Ou seja, se trata dos fenômenos elétricos dos processos vitais que podem retardar o envelhecimento, além de outros benefícios para a saúde e o meio ambiente. Leia mais.

Todos os seres vivos, animais, plantas e até os organismos unicelulares geram corrente elétrica para transmitir informações entre suas células e órgãos

As "células excitáveis" (nervos e músculos) possuem propriedades elétricas essenciais para o funcionamento e manutenção do equilíbrio homeostático. O tecido cardíaco conduz a corrente elétrica fornecendo sinais elétricos que ativam os batimentos do coração. 

As sinapses elétricas (correntes iônicas) feita através dos neurônios passam diretamente por "junções comunicantes" até chegarem às células, permitindo o fluxo livre de íons numa transmissão muito mais rápida do que na sinapse química, feita pelos neurotransmissores. .

Bioeletricidade no mundo vegetal: energia renovável e sustentável

Além de gerar eletricidade natural, a Bioeletricidade pode ser gerada nos fungosresíduos de madeira, carvão vegetal, casca de arroz, capim-elefante e cana de açúcar. 

O bagaço da cana de açúcar, por exemplo, repleto de fibras, é utilizado na produção de vapor e energia elétrica na produção de açúcar e etanol

A Bioeletricidade é usada em tratamentos médicos, como a estimulação elétrica nervosa para aliviar a dor crônica.

História da Bioeletricidade

Os egípcios e os gregos sabiam que certos peixes podiam dar choques poderosos em um organismo em seu ambiente aquoso. Por causa dessa e de outras observações, a eletricidade estática havia sido descoberta pelos gregos, que a produziam esfregando resina (âmbar ou, em grego, elektron) com pele de gato ou esfregando vidro com seda. 

Antes de inventar a pilha elétrica (1800), Alessandro Volta demonstrou que as contrações musculares da perna da rã se deviam a um gerador de eletricidade estática e a metais diferentes que sofriam ou catalisavam reações eletroquímicas.

O médico e pesquisador inglês William Gilbertil demonstrou que não apenas o âmbar, mas também o vidro, a ágata, o diamante, a safira e muitos outros materiais, quando friccionados fornecem eletricidade.  Foi somente um século depois que a repulsão eletrostática foi observada por Charles DuFay (1698-1739) na França.

As raízes da Bioeletricidade têm origem no século XVII, quando vários trabalhos foram desenvolvidos com relação ao estímulo elétrico das contrações musculares a partir da utilização da “Garrafa de Leyden”, culminando com a publicação de estudos clássicos de Luigi Galvani (1791), De viribus electricitatis in motu musculariNesses estudos, Galvani acreditava ter descoberto a capacidade intrínseca de produção de eletricidade em tecidos vivos ou "eletricidade animal".

Foram necessárias décadas para que os cientistas retomassem os fios experimentais de Galvani e colocassem o estudo da Bioeletricidade de volta nos trilhos, reafirmando sua importância para os seres vivos e meio ambiente. 

Journal of Bioelectricity é um grande incentivador da Bioeletricidade na atualidade, publicando trabalhos de pesquisa em várias áreas temáticas.

A Bioeletricidade nos tempos atuais

Desde que a Bioeletricidade foi descoberta e passou a receber a atenção dos cientistas, aprendeu-se o quanto a eletricidade orquestra as vidas das pessoas e de outros seres vivos e o quanto ainda há para ser descoberto. A eletricidade passa pelos neurônios e permite que o coração pulse e alimente todas as células do corpo.

O ser humano é composto por cerca de 40 trilhões de pequenas baterias recarregáveis.

A tendência é que, num futuro não muito longínquo, os cirurgiões irão "polvilhar" seu cérebro com neurograins, minúsculos implantes eletrônicos em escala nano para monitorar a atividade cerebral, como no controle de braços robóticos para deficientes, dentre ou outros dispositivos. Esses implantes irão mostrar, por exemplo, a forma mais adequada de "casar" a eletrônica com o tecido vivo.  

O livro We Are Electric”, escrito pela premiada escritora científica, Sally Adee mostra aos leitores como foram os primórdios da bioeletricidade, desde os médicos vitorianos, taxados de charlatães porque utilizavam a eletricidade para curar tudo, da paralisia à diarreia, até a utilização dos axônios gigantes das lulas para curar doenças, além dos implantes cerebrais e as chamadas 'drogas elétricas' que nos aguardam e suas implicações morais. 

Para a escritora, enfim, “a Bioeletricidade não apenas vai aprimorar ou criar novos dispositivos médicos, mas também irá revelar uma série de verdades (inesperadas) sobre as correntes elétricas que percorrem o corpo humano e de todos os seres vivos. Além do mais, futuras descobertas indicarão outras alternativas para contornar a resistência a antibióticos, desobstruir artérias, descobrir novas formas de combater o câncer e acelerar o processo de rejuvenescimento.".

Benefícios da Bioeletricidade na regeneração epidérmica: 

  1. Otimiza a comunicação e a renovação celular.

  2. Combina minerais + aminoácidos essenciais, garantindo um padrão equilibrado dos sinais elétricos biológicos.

  3. Acelera a redução das rugas de expressão.

  4. Melhora da textura da pele, amenizando o estresse cutâneo.

  5. Melhora o metabolismo energético do tecido cutâneo.

Aplicações práticas da Bioeletricidade,abrangendo as seguintes áreas: 

  • Bioengenharia. 

  • Biomedicina. 

  • Biotecnologia. 

  • Bioeletrônica.

  • Biossensores eletrofarmacêuticos ou eletrocêuticos.

  • Nanotecnologia.

  • Medicina regenerativa.

  • Biologia sintética.

  • Engenharia de tecidos.

  • Transplantes.

  • Optogenética.

  • Software de simulação e modelos matemáticos.

  • Eletroporação/eletropermeabilização/eletrotransferência com plantas e na indústria alimentícia e de energia limpa.

Concluindo

O fato é que todo ser vivo, incluindo as plantas, são dotados de pura eletricidade, porque cada célula que forma os ossos, pele, nervos, músculos, possui uma voltagem específica como se fosse uma pequena bateria eletrobiológica. Analogamente, a Bioeletricidade funciona como uma espécie de interruptor “liga-desliga” que pode transformar células malignas em saudáveis, fortalecendo a imunidade, fundamental para a regeneração de órgãos e membros que, seguramente, vai implicar no retardamento do envelhecimento, tão almejado pela humanidade. Tudo indica que a próxima fronteira científica será decifrar o código bioelétrico, como aconteceu com o código genético.