O fogo já foi domado, mas a fumaça ainda não. Veja porquê!

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

O fogo foi domado pelo homem. E a fumaça? Ainda pouco conhecida, apesar de seus efeitos nada benéficos para o meio ambiente e à saúde dos seres vivos. Pesquisadores continuam buscando respostas sobre a fumaça. Leia mais.

O que é a fumaça, afinal? 

A fumaça é um conjunto de partículas sólidas e gasosas emitidas após a combustão de um material ou após um evento natural, como nos vulcões ou queimadas florestais autoprovocadas (ou não).

A fumaça é composta de:

  • carbono

  • hidrogênio

  • oxigênio

  • nitrogênio

  • enxofre

  • outras substâncias químicas (dependendo do material que está sendo queimado). 

Os efeitos da fumaça na saúde humana e no meio ambiente

Na saúde humana, a fumaça poderá ter efeitos devastadores se a sua exposição for prolongada. Além dos problemas respiratórios decorrentes da aspiração, será maior o risco de contrair doenças cardíacas e câncer de pulmão. Os sintomas mais imediatos são a ardência nos olhos e uma forte coriza. Os efeitos da fumaça são, portanto, de curto, médio e longo prazo.

Dependendo da direção do vento, a fumaça afeta a qualidade do ar nas áreas próximas do incêndio, sejam urbanas ou rurais.

Incêndio na floresta

A fumaça carrega elevada quantidade de monóxido de carbono e produtos químicos voláteis que foram queimados, como o plástico (apesar de estar com os dias contados), segundo Wayne Cascio, cardiologista e diretor do Center for Public Health and Environmental Assessment.

Na medida em que as árvores, os arbustos, a grama e outras vegetações são engolidos pelos incêndios, grandes quantidades de fumaça, fuligem e outros poluentes são liberados no ar. Em incêndios de maior proporção, a fumaça pode subir muitos quilômetros até a estratosfera e se espalhar por regiões inteiras, causando poluição do ar em áreas distantes de onde as chamas realmente estavam.

Pássaros e plantas também sofrem as consequências da fumaça

Os pássaros quando expostos à fumaça podem ter sua atividade afetada, como seu canto, por exemplo. No caso das plantas, a fotossíntese poderá ser afetada por causa da escuridão prolongada provocada pela fumaça. 

Os incêndios florestais, portanto, são responsáveis pela destruição de habitats naturais e pela alteração do ecossistema local. Na verdade, pouco se sabe qual é o real tamanho do estrago provocado pela exposição à fumaça durante e após os incêndios. O veredito continua em aberto.

O fogo já foi domado. A fumaça ainda não.

"Estamos tentando entender o tempo de vida da fumaça na atmosfera e como ela evolui quimicamente", disse um pesquisador sobre os efeitos da fumaça.

"Caracterizar os impactos que a fumaça terá no meio ambiente, ainda é um desafio. O que se supõe é que, com o tempo, a fumaça fica mais tóxica e seu efeito apressa as mudanças climáticas locais e mais distantes. Resta saber se os resíduos da fumaça poderão ser convertidos em nutrientes para o solo. Muitos questionamentos e poucas respostas.", completou. 

A fumaça fica mais tóxica depois de algum tempo suspensa no ar.

Quanto maior o tempo de fumaça no ar, mais perigosa vai ficando a situação de quem a aspira. Após um dia em suspensão, a fumaça fica quatro vezes mais tóxica.

A reação se resume numa espécie de conversão dos compostos das partículas de fumaça para compostos altamente reativos. Quando inalados, esses compostos reativos, conhecidos como radicais livres, podem danificar as células e os tecidos do corpo.

O problema acontece mesmo que você esteja longe de um incêndio, caso a fumaça estiver sendo soprada em sua direção. A inalação da fumaça aumentará a propensão para a ocorrência de infecções, alergias e o risco de ter câncer, porque as partículas de fumaça podem conter hidrocarbonetos poliaromáticos que, ao oxidar se tornam carcinógenos.

Cientistas e pesquisadores ainda têm muito o que aprender sobre a fumaça!

Cientistas e pesquisadores ainda não conseguiram precisar exatamente a fonte de uma fumaça. Isto é, se ela é originária de fontes naturais ou não, quais sejam:

  • da poeira soprada no ar

  • do sal levantado dos oceanos pelo vento

  • dos vulcões

  • de incêndios urbanos ou rurais

  • de veículos, aviões ou navios

  • da indústria

  • de outras atividades humanas. 

“Melhorar a precisão de como essas partículas são medidas e identificadas poderia não apenas ajudar as autoridades a monitorar melhor a poluição do ar, mas também potencialmente ajudar a identificar fontes individuais críticas de partículas e propor contramedidas apropriadas para melhorar a qualidade do ar." declara Dr. Burkhard Beckhoff, pesquisador do Physikalisch-Technische Bundesanstalt, da Alemanha, em Berlim.

Por essas e outras, um trio de pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido quer abolir toda a literatura científica existente sobre a fumaça e recomeçar a pesquisa. "Foi apenas na última década que algumas técnicas experimentais e computacionais na ciência da combustão foram capazes de espiar por trás da porta para revelar insights sobre os primeiros mecanismos de formação de partículas carbonadas nas chamas," escreveram eles.

Considerações Finais 

Mesmo tendo domado o fogo, controlar e conhecer a fumaça continua em aberto. Compreendê-la significa obter mecanismos que possam evitar as consequências de queimadas (que já são desastrosas) e de outras emissões de fontes diferentes.

A liberação de nano partículas de carbono na atmosfera precisa ser uma prioridade das comunidades científicas porque ela afeta seres vivos e meio ambiente. Se acabar com a fumaça é impossível, remediar seus efeitos é fundamental para a sobrevivência do planeta.