Impactos geológicos na saúde humana e no meio ambiente
Existe um vínculo direto entre a geologia e a saúde devido à ingestão e inalação de elementos químicos pela nutrição e respiração
A relação geologia/saúde humana deve-se à necesidade de o corpo humano necessitar de diversos elementos químicos para manter as atividades metabólicas. A maioria deles se encontra no meio ambiente graças à ação de processos geológicos.
Processos geológicos que impactam na saúde e no meio ambiente:
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poeiradas naturais que ocorrem naturalmente em águas superficiais, águas profundas e na terra
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vulcões, erosões, pó desértico, etc.
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exposição ocupacional a materiais naturais
Os elementos químicos entram no corpo via direta (ingestão de água contendo sais minerais dissolvidos, inalação de poeira), ou via indireta (ingestão de plantas que incorporaram elementos do solo, ou de animais que incorporaram elementos das plantas).
Geofagia
A geofagia é o hábito compulsivo de ingerir solo. Em muitas sociedades rurais antigas a exposição aos elementos químicos ocorria principalmente através da ingestão frequente de poeira ou de preparações medicamentosas derivadas de solo.
Intemperismo
Processo de fragmentação das rochas nos solos onde são cultivados produtos agrícolas e na criação de animais, sendo sua fonte de alimentação. Também conhecido como rochagem.
O problema é a “incapacidade” do meio ambiente de promover o equilíbrio químico dos elementos. Essa espécie de “falha”,pode causar sérios problemas de saúde nas pessoas, principalmente que residem a regiões arenosas ou rochosas e que dependem do ambiente local para suprir sua alimentação.
Segundo o geólogo e pesquisador Anderson Magalhães, Mestre em Geologia pela Universidade Federal da Bahia-UFBA, “Aproximadamente 25 dos elementos são conhecidos por serem essenciais à vida das plantas e dos animais, como o Ca, Mg, Fe, Co, Cu, Zn, P, N, S, Se, I e Mo. Curiosamente, o excesso de alguns desses elementos pode causar intoxicação, como no caso do As, Cd, Pb, Hg e o Al que não possuem função biológica ou a possuem de forma limitada e, por isso, se tornam tóxicos para o homem.”.
A maioria dos metais pesados é super-importante para diferentes funções biológicas do organismo, tais como esses micronutrientes:
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Cobalto
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Cobre
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Manganês
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Molibdênio
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Zinco
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Níquel
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Vanádio
Por outro lado, foi demonstrado através de análises comparadas de metais em sedimentos, águas e tecidos biológicos, que a assimilação e acumulação por plantas e animais pode variar bastante de um ambiente para outro.
Dependendo do local, impactos ambientais causados por determinados elementos, foram baixos, ou seja, houve fracas correlações entre teores altos dos metais nos rejeitos e teores baixos em as pessoas, animais e plantas desses lugares.
Alguns elementos químicos que fazem mal à saúde e ao meio ambiente
- Arsênio inorgânico: por ser super-tóxico, a exposição ao arsênio pode causar efeitos perigosos na pele, membranas mucosas, sistema nervoso, medula óssea, fígado e coração.
- Radônio: trata-se de um gás radioativo que aparece naturalmente e, por ser incolor e inodoro, o radônio entra “sorrateiramente” no sistema orgânico sob forma de partículas radioativas, através da inalação, levando ao risco de câncer no trato respiratório, especialmente nos pulmões. É derivado por decaimento radioativo do urânio.
- Urânio: encontrado em baixas concentrações em solos e nas rochas, quando liberado, o urânio produz envenenamento de baixa intensidade, por inalação ou absorção pela pele. Quando isso acontece, pode causar náusea, dor de cabeça, vômito, diarreia e queimaduras, debilitando o sistema linfático, sangue, ossos, rins e fígado.
- Caulim: Tecnicamente, o caulim não é um elemento, e sim um termo genérico que se refere a um tipo específico de argila branca constituída por minerais à base de cálcio e aluminio. Os rejeitos de caulim podem contaminar ambientes, além da flora, fauna, sistema hídrico e morfofisiológico do solo.
- Alumínio: apesar de ser um dos elementos mais abundantes presentes na crosta terrestre, o alumínio possui reduzida função biológica. Por isso, pode interferir no metabolismo de diversas formas de vida. No fitoplâncton, é capaz de inibir a absorção e os processos fisiológicos do fósforo. Elevadas concentrações desse metal no ser humano, podem acarretar perda de memória e demências, como as provocadas pela doença de Alzheimer.
- Ferro: os efeitos toxicológicos decorrentes da ingestão excessiva de ferro pode ocasionar aumento na produção de radicais livres de oxigênio no organismo, responsáveis por doenças degenerativas e pelo processo de envelhecimento.
- Zinco: nos humanos e animais, o zinco age como um componente catalítico e estrutural de numerosas enzimas envolvidas no metabolismo de energia. O excesso de zinco resulta na redução de cobre no organismo, provocando o surgimento de dor muscular, anorexia, sangramento intestinal e anomalias cerebrais.
- Mercúrio: o excesso desse elemento no ar - em escala mundial - é decorrente (dentre outras causas) das atividades do garimpo. Sua contaminação ambiental se estende à água, como material particulado, sedimento fluvial e vegetação ribeirinha. No garimpo de ouro, por exemplo, pode gerar erosão quee transporta o mercúrio para corpos d’água locais, comprometendo os lençóis freáticos.
A lista é mais extensa, mas esses são os mais relevantes dos elementos químicos prejudiciais à saúde e à natureza.
Em resumo, as relações entre meio ambiente e a corrente alimentar humana são controladas por fatores geológicos, na mineralogia das rochas, do tempo e do clima, bem como em processos geoquímicos que controlam a transferência dos elementos ao solo, às plantas e aos homens.