Conheça a solução sustentável que elimina os resíduos dos pesticidas que contaminam a água

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A agricultura consciente conta com mais uma alternativa importante para minimizar os efeitos colaterais causados pelo glifosato, pesticida que causa danos ao meio ambiente e à saúde humana. Trata-se do bagaço de cana. Leia mais. 

Depois de usado, o pesticida glifosato é levado pelas chuvas para contaminar rios, riachos, poços e outros ambientes aquáticos.

Cientes do problema, pesquisadores brasileiros descobriram como remover da água contaminada os resíduos de glifosato, um poderoso pesticida já banido em vários países, mas ainda utilizado no Brasil, onde são aplicados mais 170.000 toneladas por ano.

Fundamentada nos princípios da Economia Circular, um dos pilares da reciclagem, a técnica utiliza como matéria-prima o bagaço da cana, restolho gerado nas usinas durante a produção de açúcar e de etanol.

A contaminação de leitos aquáticos, após aplicação de agrotóxicos, impacta não só no meio ambiente, mas na saúde das pessoas.

Segundo dados fornecidos pelo "Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua)", já são mais de 1.300 cidades do Brasil que estão com a água contaminada por causa dos resíduos de glifosato.  

Apesar dos cuidados tomados em casa, quando existe o costume de deixar verduras e frutas de molho na água sanitária, no bicarbonato de sódio ou no vinagre, já foi comprovado que tal prática não é tão eficaz.

A toxidade da parte externa dos alimentos é elminado quando eles ficam de molho, mas o veneno pode chegar na sua parte interna. O melhor, portanto, é eliminar o problema na origem.

Economia perigosa

Como é barato e tem o poder de intensificar a produtividade agrícola, por eliminar grande parte das pragas, o glifosato passou a ser bastante usado no controle de ervas daninhas em diversas culturas agrícolas, sobretudo no Brasil, como mencionado.

E assim foi desenvovido um filtro de celulose, processado do bagaço de cana de açúcar capaz de retirar o glifosato da água.

A pesquisadora brasileira, Professora Maria Vitória Leal, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), observou:"Depois de isoladas e depois tratadas quimicamente, as fibras de celulose do bagaço de cana podem ser empregadas como material adsorvente, pois retém em sua superfície moléculas do glifosato. Ou seja, esse contaminante pode ser removido por filtração, decantação ou centrifugação graças ao bagaço de cana." 

O processamento do bagaço de cana de açúcar  em 4 etapas:

  1. Trituraçao do bagaço de cana de açúcar.

  2. Isolamento da celulose, separando a hemicelulose e a lignina.

  3. Separação das fibras, adicionando amônia na sua superfície para dar carga positiva ao material.

  4. Obtenção de microfibras de celulose que se ligam às moléculas de glifosato. 

Essa técnica de utilização do bagaço de cana de açúcar como matéria-prima para criar o composto que remove o glifosato da água, se junta aos outros benefícios da agricultura consciente. Trata-se, portanto, do começo de uma nova era na produção de alimentos saudáveis.

Alguns benefícios da agricultura consciente:

Energia solar 

Fontes de energia alternativa como a luz do sol nas instalações agrícolas estão sendo adotadas mundo afora. A produção de energia limpa é aplicada em diversas atividades, como na geração de calor para estufas, secagem, funcionamento de motores e iluminação, entre outras.  

Descarte de resíduos 

A agricultura consciente possibilita o direcionamento adequado dos resíduos gerados na produção agrícola, especialmente no caso das embalagens e dos recipientes de defensivos agrícolas.  

Adubação verde 

Atividade empregada no plantio de determinadas espécies que se desenvolvem e se incorporam mais rapidamente ao solo, evitando a sua degradação precoce. Desse modo, se transformam em fonte de matéria orgânica e de nutrientes para a lavoura.  

Conclusão 

Os defensivos agrícolas, apesar de indispensáveis em determinadas lavouras, principalmente em grandes produções extensivas, continuam perigosos para o meio ambiente e, principalmente, para a saúde das pessoas. A agricultura consciente, no entanto, pode reduzir esses riscos a partir da redução e racionalização do seu emprego.

O bagaço de cana de açúcar é mais um novidade que pode arrefecer esse problema que preocupa, principalmente, os países que ainda utilizam o glifosato, como o Brasil.

Passa da hora de "resignificar" as plantações. A natureza agradece.

*Por Marco Aurélio Gomes Veado: PENSE MAIS VERDE