Conheça a eletrônica orgânica, a revolução da tecnologia sustentável

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A eletrônica orgânica possui dispositivos à base de carbono e hidrogênio. Essas características permitem que sejam mais duráveis, menos poluentes e com custo mais baixo do que os tradicionais, feitos à base de silício ou metais. A tecnologia sustentável mudará a vida de muitas pessoas. E para melhor. 

A eletrônica orgânica, além de vários benefícios, será responsável por evitar o aumento do lixo eletrônico no planeta. 

O aumento do lixo eletrônico tem como causa principal o excessivo descarte de dispositivos eletrônicos, devido às atualizações que ocorrem em curto espaço de tempo. Com a ampliação das aplicações da eletrônica orgânica em várias áreas, o impacto poderá ser menor.

Em comparação com a eletrônica convencional, a eletrônica orgânica oferece as seguintes vantagens:

  1. Baixo custo: maior número de dispositivos eletrônicos para populações carentes.

  2. Facilidade de processamento: maior capacidade de adaptação dos componentes eletrônicos, aumentando sua condutibilidade e durabilidade.

  3. Flexibilidade térmica: facilidade de mudanças de temperatura de acordo com o ambiente e seu melhor controle.  

Um pouco de história da eletrônica orgânica

A ideia da eletrônica orgânica surgiu nos anos 50, quando o cientista H. Inokuchi descobriu a primeira molécula orgânica condutora de eletricidade que então era função exclusiva do silício e outros metais. Por sua vez, os cientistas W. Helfrich e W.G. Schneider, descobriram que as moléculas orgânicas poderiam também emitir luz, mas a alta tensão exigida era dispendiosa, o que invalidava o projeto. Nos anos 80, os cientistas Heeger, MacDiarmid e Shirakawa corrigiram esse impasse e descobriram os polímeros condutores (cujo trabalho lhes rendeu o Prêmio Nobel do ano 2000), moléculas conhecidas como “PTCDA”, presentes nos corantes orgânicos, bem mais em conta e amplamente utilizados na eletrônica orgânica atual.

5 aplicações da eletrônica orgânica

  1. Displays orgânicos

Os displays orgânicos são conhecidos como “OLEDs” ou "Organic Light Emitting Diodes" (Diodo Orgânico Emissor de Luz) e consistem de uma película orgânica que retém uma fosforescência que gera sua própria luz, em vez de usar uma luz de fundo. Essa luz é produzida a partir da radiação gerada por causa de uma intensa movimentação de elétrons que dura mais tempo do que o convencional. Os novos relógios de pulso com mostradores que brilham no escuro, são bons exemplos. Como os displays possuem menos circuitos do que as telas de LCDs (Liquid Crystal Display), sua espessura é bem mais fina.

  1. Placas fotovoltaicas orgânicas

Os dispositivos conversores de energia que utilizam células solares orgânicas se baseiam no princípio parecido com o da fotossíntese. Por serem recicláveis ou biodegradáveis as placas duram mais e o seu "Coeficiente de Absorção Óptica", é maior do que o tradicional, aumentando o tempo de uso e o custo, pois a luz pode ser absorvida através de uma placa menor. Essa vantagem seria ótima no norte europeu, por exemplo, onde as noites são mais longas do que os dias e ocorrem quase o ano todo. Outro benefício seria para as regiões mais pobres do planeta onde a eletricidade ainda não chegou. O custo baixo da geração de energia favoreceria esses lugares. 

  1. Transistores orgânicos 

Os transistores são fundamentais para a fabricação de todos os dispositivos eletrônicos modernos, seja amplificando sinais ou operando como interruptores. Por causa das placas flexíveis, o transistor orgânico (OFET ou “Transistor de Efeito de Campo Orgânico”), ficou ainda mais durável porque utiliza corantes orgânicos que aumentam a resistência e também melhoram a condutividade, evitando a entrada de impurezas, responsáveis pelas interferências.

  1. Nanotecnologia na Biomedicina

Outra aplicação importante da eletrônica orgânica é na biomedicina como, por exemplo, nas pesquisas pela cura da cegueira. Um chip com eletrodos revestidos com corantes orgânicos é inserido na retina do paciente. O dispositivo registra os sinais luminosos que se transformam em sinais elétricos e são enviados para o cérebro. Por serem orgânicos, os corantes garantem uma condutividade mais duradoura e uniforme. Outros chips fabricados com essa técnica, poderão ser inseridos na pele do paciente para monitorar sua saúde. 

  1. Nanofibras de celulose ou nanocelulose

As nanofibras feitas com celulose possuem grande cristalinidade, rigidez e resistência à tração, além de apresentar uma superfície específica e transparente. Sua aplicação é ampla, pois além da eletrônica orgânica, pode acontecer em outras áreas não comentadas aqui, como, alimentar, têxtil (tecido elétrico) e espacial. Existem estudos voltados ao controle do aquecimento do nanopapel, a fim que se torne um conduite ou semicondutor de acordo com a necessidade.

Conclusão

A eletrônica orgânica provavelmente não vai substituir a eletrônica tradicional em todas as aplicações, principalmente naquelas que requeiram alta velocidade de processamento, como nos computadores tradicionais. Mas, é certo que poderá substituir o material tóxico ainda utilizado em larga escala na indústria eletrônica tradicional. Sua natureza versátil, combinada com a promessa de sustentabilidade ambiental e social, aponta para um caminho sem volta de novidades tecnológicas mais duráveis e mais baratas.