Águas subterrâneas serão a salvação do planeta?

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Uma das maiores preocupações ambientais é a iminência de falta de água potável. O desperdício tem sido alto e não existe conscientização eficiente. Mas, existe uma esperança: as águas subterrâneas poderão resolver esse problema que é global. Continue lendo.

As águas subterrâneas são leitos aquáticos que correm abaixo da superfície da Terra

As águas subterrâneas são produtos das chuvas e ficam armazenadas nos poros, falhas, fraturas ou fissuras das rochas sedimentares. São importantes para a manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos. 

Escassez que preocupa

Contudo, a falta de chuva pode prejudicar o manancial aquífero de muitos países como Índia, China, Estados Unidos, Norte da África e Oriente Médio que já sentem o ressecamento precoce em muitos poços e leitos d’água.

Por causa disso, especialistas detectaram que o déficit hídrico mundial está na casa dos 200 bilhões de metros cúbicos por ano. Por sinal, o esgotamento das águas subterrâneas provocou o afundamento dos solos situados sobre os aquíferos na cidade do México e na Califórnia, Estados Unidos.

Formação de aquíferos

Os aquíferos são originados de uma formação geológica do subsolo, constituída por rochas permeáveis. Eles armazenam a água das chuvas que ficam retidas nas fraturas das rochas ou abaixo das coberturas vegetais.

A água que se armazena nos aquíferos, se origina da água do oceano que sobe para a atmosfera, retornando, superficial e subterraneamente, ao próprio oceano. Quer dizer, a temperatura do ar e os ventos gerados pela umidade são responsáveis pelos processos de circulação da água dos oceanos para a atmosfera.

Depois das precipitações, as águas se infiltram no subsolo sem o encharcamento que provoca inundações.

As inundações, portanto, são evitadas por causa dos seguintes fatores:

  • Porosidade do subsolo: a presença de argila no solo reduz sua ação impermeável, não permitindo uma grande infiltração.
  • Cobertura vegetal: a vegetação presente no solo lhe oferece maior permeabilidade do que um solo desmatado.
  • Inclinação do terreno: em declives acentuados a água corre mais rapidamente, diminuindo a possibilidade de infiltração excessiva.

Em outras palavras, a fim de manter os cursos de águas, os aquíferos ajudam a evitar o transbordamento, pois absorvem o excesso da água de uma chuva, seja forte ou moderada.

E para complementar, segundo os especialistas, “os aquíferos proporcionam uma forma de armazenar água doce sem muita perda pela evaporação, o que é superimportante nas regiões mais quentes do planeta mais propensas à seca e onde tais perdas podem ser extremamente prejudiciais.”.

Os 8 maiores aquíferos do mundo são os seguintes: 

  1. Alter do Chão ou Sistema Aquífero Grande Amazônia: Brasil (162.520 km³ de água ou 150 quatrilhões de litros de água).
  2. Guarani: Brasil (40 trilhões de m³ de água em 1,2 milhões de km² de extensão)
  3. Arenito Núbia: Líbia, Egito, Chade, Sudão (150.000 km³ de água em 2 milhões de km² de extensão).
  4. Kalaharij/Karoo: Namíbia, Bostwana, África do Sul (130.000 km³ de água).
  5. Digitalwaterway Vechte: Alemanha, Holanda (7,5 mil km2 de extensão).
  6. Praděd: República Checa e Polônia (3,3 mil km2 de extensão).
  7. Grande Bacia Artesiana: Austrália (1,7 milhões km2 de extensão).
  8. Bacia Murray-Darling: Austrália (297 mil km2 de extensão). 

As águas subterrâneas dos aquíferos, diferentemente das águas dos rios, são filtradas e purificadas naturalmente porque sofrem menor influência das variações climáticas.  

Principais atividades que utilizam as águas subterrâneas:

  • Atendimento doméstico (30%).

  • Setor agropecuário (24%).

  • Abastecimento público urbano (18%).

  • Abastecimento múltiplo urbano (14%).

Um pouco de história

As águas subterrâneas são utilizadas pela humanidade há milênios. Era conhecida como “água invisível”. A utilização dessas águas já evitou a fome em muitos países onde a água visível era escassa em função de secas constantes.

Em 2018 foi criado o “Dia Zero” com a apresentação de uma relação de cidades no planeta mais propensas a ficar sem água por vários motivos, sendo, por isso, chamadas de regiões atingidas pelo “estresse hídrico”. A exploração das águas subterrâneas nesses lugares se tornou vital.

Para que seja evitado o "estresse hídrico" em outras regiões mais áridas onde ainda não foi detectado, são as penalizações mais rígidas aos infratores que desperdiçam o líquido. Ou seja, a utilização de poços, fontes e nascentes deve ter a orientação de um profissional habilitado nessa área.

No Brasil, o órgão fiscalizador é a ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas).

dessalinização também é outra medida que pode ajudar bastante para resolver o problema da escassez hídrica. 

Impactos Ambientais sobre os Aqüíferos 

Ainda que os mananciais de água situados abaixo do solo, pelas suas características peculiares, sejam naturalmente protegidos dos agentes externos, todo cuidado é pouco para evitar impactos ambientais, tais como:

  • Vulnerabilidade: uma eventual contaminação de um aquífero, pode ocorrer após vazamentos de substâncias tóxicas de origem externa. Em outras palavras, a contaminação pode vir das fossas sépticas, da infiltração de efluentes industriais, fugas da rede de esgoto, galerias de águas pluviais e de vazamentos vindos de aterros sanitários e lixões. 
  • Exploração sem fiscalização: a extração de águas subterrâneas sem autorização ou por falta de fiscalização, pode superar os limites de produção das reservas de água existentes nos aquíferos.  

Um aquífero brasileiro com potencial fantástico!

Uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Alberta, em Edmonton, Canadá, detectou a existência de um grande volume de água em terras profundas do Brasil. De acordo com o geoquímico e chefe da equipe, Graham Pearson, "foi descoberto numa região aquífera do Brasil, um cristal mineral microscópico conhecido pelo nome de ringwoodite. A pedra contém aproximadamente 1% de água por peso. Como a região está repleta desse cristal, tudo indica que muita água pode ser encontrada. Um por cento pode não parecer muito, mas já é indicativo da existência de mais água do que todos os oceanos da Terra juntos!".

A notícia foi corroborada  pelo pesquisador Richard A. Lovett que escreveu num post publicado no site de notícias da Nature o seguinte: “A maioria dos diamantes se forma em profundidades de cerca de 150 a 200 quilômetros. Os ringwoodite são conhecidos também como diamantes 'ultradeep' que só se encontram em regiões muito profundas conhecidas como 'zonas de transição', ou seja, a 410 a 660 quilômetros abaixo da superfície. Em outras palavras, esses cristais oferecem uma janela para encontrar muita água em terras hiper-profundas e salvar o planeta da escassez!". 

Conclusão

A propalada escassez de água pura no planeta pode ser sanada graças aos mananciais aquíferos que correm abaixo da superfície. Mas, não basta só isso. Mesmo que um dia "sobre água" pura na Terra, a abundância só será possível se houver responsabilidade por parte das pessoas conscientes. Senão, tudo será em vão. A natureza se encarrega de repor, mas tem que contar com a colaboração de todos.