O turismo espacial pode ser prejudicial para o meio ambiente da Terra? Ou não?

O turismo espacial começou. Empresas como a Space X, Blue Origin e Virgin Galactic inauguraram essa nova era. Porém, especula-se sobre os impactos negativos que as emissões dos foguetes causam no meio ambiente. Não seria mais prudente cuidar do planeta primeiro antes de iniciar esse novo ciclo das viagens espaciais? 

Quando os foguetes são lançados ao espaço, demanda-se grande quantidade de propulsão para sair da atmosfera da Terra. 

O foguete Falcon 9 da SpaceX, por exemplo, quando lançado libera na atmosfera alta carga de dióxido de carbono e cloro, além de outras substâncias tóxicas. 

Em outras palavras, quando estão mais próximos do solo, mais os foguetes emitem uma onda de calor tão intensa que ajuda a lançar ozônio na troposfera, o que faz elevar o "Efeito Estufa".

Está claro que o lançamento de um foguete provoca mais estragos no meio ambiente do que se imaginava!

Um estudo recente, concluiu que a fuligem liberada por 1.000 vôos de turismo espacial poderia aquecer a Antártica e acelerar o degelo. 

Para Jessica Dallas, Assessora Sênior de Políticas Ambientais da Agência Espacial da Nova Zelândia, "a série de impactos ambientais resultantes do lançamento de veículos espaciais contribui para o esgotamento do ozônio estratosférico e é um efeito que pode acontecer em curto prazo.".

Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos, após avaliar o impacto gerado pelo lançamento e reentrada do foguete Virgin Galactic, concluiu que esse ciclo lançamento-terra emite cerca de 30 toneladas de dióxido de carbono, equivalente a 5 toneladas por passageiro. Essa quantidade é igual a cinco vezes a pegada de carbono de um vôo de Cingapura-Londres!

Para Paul Peeters, professor da "Sustainable Transport and Tourism at Breda University of Applied Sciences, Holanda:  "Vamos ter muito trabalho para avaliar - e atenuar - esses riscos causados pelo turismo espacial. Na verdade, existem razões para que essa atividade não tenha continuidade no presente momento."

O alto custo do turismo espacial

E para aumentar a preocupação foi calculado que o transporte suborbital de civis ou turismo espacial gera um custo de, aproximadamente, 2,58 bilhões de dólares/ano até 2031.

Segundo os críticos, todo esse montante gasto em tecnologia espacial, poderia ser redirecionado para começar a aliviar os velhos problemas do planeta, como a miséria de vários povos, por exemplo. No entanto, nos vôos da Virgin Galactic algo está sendo feito, uma vez que foram transportadas plantas com o objetivo de verificar como suportam a microgravidade. 

Ainda é pouco...

O problema é especificar exatamente os motivos do crescente turismo espacial: alimentar o ego dos bilionários ou, de fato, preparar o terreno para dar início à exploração espacial por motivos científicos? 

Compreenda o tamanho da pegada de carbono gerada por um foguete 

A queima de combustíveis gerada por um foguete é de cerca de 1.115 toneladas, que corresponde à pegada de carbono anual de mais ou menos 278 pessoas.

Um Boeing 747 queima cerca de 4 litros de combustível por segundo. Um vôo Londres-Nova York, ida e volta, gasta mais ou menos 210 toneladas de carbono. O lançamento de um foguete seria, pois, igual a 5 vôos da Inglaterra para os Estados Unidos. 

A sugestão das entidades ambientais e outras de amparo às comunidades carentes é que fosse feito um cálculo em cima do valor bruto gasto no turismo espacial e fosse coletado um percentual para esses fundos.

Alternativas para reduzir os impactos ambientais do turismo espacial

Existem estudos científicos patrocinados pela ESA (Agência Espacial Europeia) que sugerem o uso de substâncias químicas verdes no lançamento dos foguetes. 

E no final das contas…

O lado positivo do turismo espacial (setor privado) e da exploração espacial (setor público) é o benefício que a tecnologia empregada na projeção e fabricação de foguetes e estações espaciais pode adicionar à fabricação de aviões mais seguros, econômicos e eficientes. Graças as missões Apollo, por exemplo, foram inventados equipamentos como satélites, câmeras e computadores de bordo.

Para Steve Arnold, executivo da Divisão Civil Espacial do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins e um dos parceiros da Blue Origin, “Missões de passeio são excelentes oportunidades para testar o hardware de voo e conduzir experimentos reais no espaço. Essas missões menores fornecem experiências valiosas de treinamento para a próxima geração de cientistas espaciais, engenheiros e gerentes de programa".

Ainda que valha a pena adotar uma atitude mais positiva com relação ao turismo espacial, ainda é cedo para avaliar se, de fato, este é o momento ideal para intensificar a atividade. Todo cuidado, é pouco.