Nas cidades-esponja, enchente é coisa do passado!
Entra ano, sai ano: as enchentes não perdoam! Planos urbanísticos ultrapassados, não resistem às chuvas de verão. A população paga a conta. O que fazer para aplacar a fúria da natureza maltrada? As cidades-esponja podem ser a solução. Leia mais.
Cidade-esponja, uma ideia urbanística que salva!
O conceito é, relativamente, antigo, mas só agora é que resolveram voltar as atenções ao seu conteúdo e à sua efetivação.
A cidade-esponja é fruto de um projeto urbanístico cujo foco é manter a água da chuva onde ela cai, graças à permeabilidade do terreno. Nas precipitações mais pesadas, a água é absorvida pelo solo e pela vegetação.
O objetivo é reter a água da chuva através da impermeabilização do chão pavimentado, de modo que, parte dela evapore e o resto seja escoado gradualmente. Assim, em vez de escoamento brusco direto para os rios, a água é retida antes.
O escoamento rápido faz com que todo tipo de sujeira urbana seja arrastado pela água que corre na superfície. Agentes naturais, como pólen e botões de flores - que caem das árvores da cidade - escoam para lagos e rios e podem matar os peixes devido à sobrecarga de nutrientes e o esgotamento do oxigênio da água.
A cidade-esponja é uma alternativa para cidades, urbanisticamente, mal planejadas!
Por causa do excessivo número de enchentes, a primeira cidade-esponja da China, é Wuhan. Conhecida como “a cidade de centenas de lagos”, foi a escolhida para o projeto-piloto.
As inundações nas estações de metrô e nas estradas causaram dezenas de fatalidades e alguns bairros ficaram isolados do resto da cidade. Foi a grande enchente de 2016 que fez convencer as autoridades a mudar o plano urbanístico da cidade.
Depois de Wuhan, outras 16 cidades chinesas também foram incluídas no projeto cidade-esponja. Essas cidades também passariam a ter novos sistemas de drenagem e mais áreas verdes.
Impermeabilização do asfalto + absorção da água do solo = fim das enchentes!
A concessão de subsídios do governo central ao projeto cidade-esponja termina em 2020. Depois disso, as prefeituras terão de criar parcerias com a iniciativa privada para complementar e gerar mais recursos.
Os resultados já são visíveis. No distrito de Lingang, por exemplo, os terraços de prédios possuem árvores, jardins e até praças públicas, cheias de canteiros!
Outros resultados positivos, decorrentes do projeto cidade-esponja:
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20% das áreas urbanas das cidades-esponja serão capazes de absorver e armazenar 70% das águas pluviais até 2020.
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170 km2 de um total de 860 km2 de área urbana receberão sistemas de drenagem das águas e espaços verdes.
Segundo o Diretor de Gestão Hídrica, do governo chinês, Wen Mei Dubbelaar, “Num ambiente natural, a maioria das precipitações se infiltra no terreno, drenando bem e evitando inundações. Esse fenômeno não acontece em locais pavimentados, pois não drenam a água, gerando inundação. Na cidade-esponja, apenas 20 a 30% da água da chuva é absorvida pelo solo, reduzindo o risco de alagamentos. As ruas mais largas de Lingang já têm pavimentação permeável e a água da chuva escorre sem se acumular!”
Berlim saiu na frente das demais cidades européias!
Como na China, a Alemanha também partiu para a inovação e fez de Berlim, a sua primeira cidade-esponja! E o bairro escolhido para iniciar o projeto, foi Rummelsburg. A primeira etapa do plano foi a construção de corredores úmidos no subsolo.
Outros benefícios foram implementados:
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Mais árvores plantadas e novos toldos colocados nas calçadas, para aumentar a sombra
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Edifícios pintados com cores claras, a fim de refletir mais calor, em vez de absorver
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Telhados de prédios e casas, cobertos de grama, para maior absorção da água e, mais tarde, liberá-la por meio da evaporação.
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Impermeabilização da pavimentação de áreas mais quentes da cidade e de estradas, para prevenir o superaquecimento de ruas e do asfalto, em dias muito quentes.
O projeto cidade-esponja vai alinhar as regras de urbanismo das grandes cidades do mundo!
Requisitos para implementação do projeto cidade-esponja, necessários à cidade candidata:
- Reformulação do sistema viário (estradas e ruas)
- Plantação de árvores e criação de abrigos para proteção dos habitantes em tempos de chuva
- Construção de prédios inteligentes, adaptados às normas do conceito cidade-esponja
- Campanhas pontuais, cursos presenciais ou virtuais, seminários e treinamentos, voltados aos novos conceitos
- Convênios com outras cidades-esponja, para intercâmbio de serviços e informações
- Integração aos princípios do movimento slow e de outros movimentos de educação ambiental para a conscientização da população local
Inundações e outras tragédias que, aparentemente, são "culpas da natureza" são, na verdade, resultado da omissão humana que relega a segundo plano suas obrigações com relação à sua comunidade e ao meio ambiente.
Tragédias ambientais são, na maioria das vezes, resultado da omissão humana!
Novas leis urbanísticas e outras ferramentas, são fundamentais para implementar, manter e adaptar os sistemas de infra-estrutura de coleta, armazenamento e tratamento da água.