As nuvens são fundamentais para entender melhor as mudanças climáticas da Terra

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Quem não gosta de ver o céu para contemplar as nuvens e especular como vai ficar o tempo? Nuvens aglomeradas, sinal de tarde seca. Nuvens escuras, chuva por perto. E assim por diante. As nuvens são muito importantes para o meio ambiente, mas ainda são pouco conhecidas pelos cientistas. Leia mais.

As nuvens são formadas a partir de uma associação de eventos climáticos, como mudanças de pressão, temperatura, tipo de relevo, condições da área urbana e estação do ano

Existem duas formas básicas para o trabalho de observação do céu, com o objetivo de determinar a fração de cobertura de nuvens (nebulosidade) e sua classificação, pela inspeção visual. Os observadores analisam os padrões das nuvens em movimento através de imagens de satélite ou radar para prever eventos climáticos mais preocupantes como os tornados, enchentes, etc. 

Um obstáculo nas leituras de radar

Existem nuvens que ao refletir a luz solar barram a radiação de calor da superfície e afetam a leitura do radar, bem como o trabalho dos satélites.

Por isso, muitas análises são afetadas e prejudicam as previsões do tempo

Por conseguinte, as nuvens afetam o clima, mas as mudanças no clima afetam as nuvens. Essa relação ambígua cria um sistema complicado de feedbacks climáticos que modula a radiação da Terra e as o equilíbrio das precipitações.

A função das nuvens pode ser resumida na lista, a seguir:

  • As nuvens resfriam a superfície da Terra ao refletir a luz solar que chega.

  • As nuvens aquecem a superfície da Terra ao absorver o calor emitido pela superfície e irradiá-lo novamente para a superfície.

  • As nuvens aquecem ou resfriam a atmosfera da Terra absorvendo o calor emitido pela superfície e irradiando-o para o espaço.

  • As nuvens aquecem e secam a atmosfera da Terra e fornecem água para a superfície, formando a precipitação.

  • As nuvens são criadas pelos movimentos da atmosfera causados pelo aquecimento ou pelo resfriamento da radiação e da precipitação.

Contudo, se o clima muda, as nuvens mudarão também e altera os efeitos listados acima.

Assim, os cientistas ainda desconhecem exatamente como se desenvolve o processo de mudança das nuvens no caso do aumento ou da diminuição da precipitação de águas

Conhecer os ciclos das nuvens é, pois, fundamental para controlar e monitorar melhor as mudanças climáticas da Terra.

Por exemplo, alguns tipos de nuvens podem determinar como o tempo ficará nas próximas horas no lugar, mas a dinâmica atmosférica não permite prever com 100% de certeza.

Por que as nuvens são tão importantes?

As nuvens funcionam como guarda-sol protetor, resfriando a Terra ao refletir a luz solar para longe da superfície. Paradoxalmente podem funcionar como um cobertor isolante, aquecendo a Terra

Esses dois efeitos paradoxais - de guarda-sol ou de cobertor - dependem da altitude e da espessura das nuvens, ou seja: 

  • Quanto mais alta for a nuvem: evita que o calor escape para o espaço. 

  • Quanto mais espessa for a nuvem: melhor será refletida a luz do sol para longe da superfície da Terra.

  • Nuvens altas e finas: deixam passar a luz solar, impedindo que o calor escape para o espaço como radiação infravermelha, proporcionando um efeito de aquecimento líquido.

  • Nuvens baixas e espessas: refletem fortemente a luz solar, tendo impacto baixo sobre a radiação infravermelha que escapa para o espaço, criando um efeito de resfriamento líquido.

Como a atmosfera contém muito mais nuvens baixas e espessas do que nuvens altas e finas, o efeito guarda-sol predomina. Não fosse isse, a Terra seria bem mais quente.

Classificando as nuvens com maior precisão

Umas das primeiras classificação internacional de nuvens foi publicada em 1896. Desde então, se tornou o manual dos cientistas, pois é revisada periodicamente.

Atualmente, foram classificadas 10 tipos de nuvens (de acordo com sua altitude e formato):

  1. Nuvens altas: Cirrus, Cirrocumulus e Cirrostratus.

  2. Nuvens médias: Altocumulus, Altostratus, Nimbostraus.

  3. Nuvens baixas: Sratus, Stratocumulus, Cumulus, Cumulonimbus.

Verdade é que tanto o frio intenso como o calor extremado, independentemente da região ou da época do ano, têm origem a partir de vários fatores que podem ser naturais ou por culpa da ação humana

Aquecimento global é tão prejudicial quanto o resfriamento global 

O clima na Terra sempre foi instável

Mais ou menos 4,6 bilhões de anos atrás, a Terra era extremamente quente, tanto que uma lava cobria sua superfície. Depois, veio o resfriamento, época que ficou conhecida como Era Glacial. A situação foi se equilibrando com o passar dos milênios, mas a modernidade ajudou a provocar desequilíbrios.

Nem uma coisa, nem outra

Se o aquecimento além do normal é prejudicial, o resfriamento, igualmente, também seria tão ou mais perigoso para a sobrevivência do planeta.

O resfriamento intenso provocaria o endurecimento da lava do núcleo terrestre. Ao parar de fluir, o campo magnético seria alterado e sem ele, o vento solar atingiria o planeta com mais facilidade, enfraquecendo a atmosfera e inviabilizando todas as formas de vida.

Quem sabe, não foi isso que aconteceu com o planeta Marte?

Para a Dra. Sandrine Bony, climatologista e diretora de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientifique, de Paris, “Felizmente, como as nuvens se interagem fortemente com o clima e influenciam a estrutura da atmosfera, afetando desde a temperatura, a umidade e até as circulações atmosféricas, o risco de um aquecimento global extremado é remoto."

Conclusão

O que se pode concluir, enfim, é que quanto melhor forem conhecidas as nuvens e sua movimentação, maiores as chances de reduzir o risco do aquecimento ou resfriamento extremado do planeta. A tecnologia atual já consegue oferecer modelos mais realistas que podem contribuir para que o grau de acerto aumente e chegue no ideal. Em outras palavras, uma nova geração de modelos climáticos de alta resolução permitirá simular com maior exatidão a dinâmica das nuvens ao redor do globo em escalas de até um quilômetro e as projeções futuras com relação ao clima serão mais precisas e confiáveis. Mais uma notícia que deixa claro uma tendência: “Nem tudo está tão ruim, como os fatalistas imaginam…”.